Tem sobrado pouco tempo para muita coisa, quem dirá para identificar, descrever, nomear, verbalizar e compartilhar os nossos sentimentos. Bem sabemos da dificuldade em dimensionar a vida afetiva em uma base exata.
No conto “Perdoando Deus”, de Clarice Lispector, o narrador personagem descreve o desafio de definir o amor:
“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente".
O esclarecimento sobre a nossa vida emocional exige uma certa aferição, na qual falar - desde sempre - é fundamental e simples exercícios mentais são complementares. Por ex., colocar na balança imaginária afetos, emoções e sentimentos: pesando e comparando suas intensidades e, às vezes, re-encontrando suas origens e significados.
A complexidade existente entre as compreensões e as incompreensões do amor e os desconfortos cotidianos, passando por irritações e, por vezes, chegando às explosões e aos colapsos; tudo isso são exemplos de unidades de análise.
As situações de crise e de re-orientação e re-construção de projetos de vida demandam atenção especial sobre o conhecimento dos sentimentos. A Psicologia, a Literatura e a Música podem facilitar - e muito! - nesta empreitada.
Camilo Junqueira Prata, 41, é psicólogo. Formou-se na Universidade Federal do Paraná em 2010.
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