No dia de hoje, nós radialistas, vemos e lemos várias mensagens em homenagem ao nosso dia espalhadas pelas redes sociais. A grande maioria é de nós é para nós mesmos, colegas e amigos. Infelizmente, quase nenhuma é de empresas e marcas e, mais infelizmente ainda, nenhuma dos empresários de radiodifusão, donos das emissoras, cujo sucesso não existiria sem o nosso trabalho. Sabe por quê? Porque não trabalhamos para os veículos que nos pagam (muito mal na maioria das vezes), trabalhamos para o ouvinte, que é fã, que é apaixonado, mesmo sem conhecer nossos rostos, nossa aparência. Sempre foi por eles que minha maior preocupação era começar o programa no horário, fazer bem-feito o que tinha de ser feito. Meu dia nunca terminava após o “tchau e até amanhã” no final do meu horário. Sempre havia algo mais, preparar o programa do dia seguinte, reorganizar as cartinhas, sim cartinhas, que não puderam ser lidas naquele dia, e eram centenas, sem exagero. Quantas foram as vezes que fui à emissora em pleno domingo para editar quadros que iriam ao ar no programa durante a semana. Para o patrão? Não! Para e pelo ouvinte, razão maior da existência da profissão e de empresas do ramo.
O radialista, especialmente o locutor, é um artista, porque não basta falar no microfone, é preciso saber o que e como falar, interpretar com a responsabilidade de não confundir o ouvinte e sim contribuir para a ampliação do seu conhecimento geral e de sua cultura. Ler mensagens e qualquer outro tipo de texto com maestria, entendendo que uma palavra mal falada não volta para ser redita e consertada.
Mas, hoje em dia, o patrão, explorador como sempre foi, quer mais. Diante da incompetência de fazer investimentos na qualidade da programação e garantir audiência perante a concorrência que hoje existe aos montes, não entende isso e exige que o locutor também seja vendedor.
Ora, mal sabe ele que somos os melhores vendedores da empresa. Afinal, o que seria do departamento comercial se não tivesse um produto de qualidade para oferecer? Juntamente com o que fazemos e criamos, somos esse produto.
Por essas e outras, carrego comigo o imenso orgulho de nunca ter aberto mão de investir em conhecimento e aprendizado ao longo dos mais de quarenta anos em que atuei no ramo.
E ainda, sinto-me honrado por ter passado por todos os departamentos de uma emissora de rádio, sim, todos. Já me flagrei empurrando o “escovão” pelo piso encerado, não por obrigação, mas por empatia à senhorinha da limpeza.
Meus cumprimentos a mim mesmo e aos colegas que se mantêm ilibados na profissão.
P.S. Um texto sem "alfinetadas" não seria um texto meu.
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